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a invisibilidade do ser

O poder de olhar através das pessoas
A invisibilidade do ser

São Paulo, 9 de janeiro de 2018

Terça-feira

Ter esse programa aqui dentro do Poupatempo faz todo sentido. Principalmente por atender essa questão social em ajudar o outro. Os ideais combinam, sabe?”

Ademir Coelho, Gerente do Poupatempo de Itaquera

Para atender o público alvo do programa, foi realizado uma pesquisa regional para compreender pontos da cidade em que o analfabetismo fosse mais presente. As unidades do Poupatempo de Santo Amaro e Itaquera foram escolhidos para receber o programa Escreve Cartas em 2001 devido à maior concentração, em seu entorno, de imigrantes e pessoas de baixa renda. Em 2008, o serviço começou a funcionar no Poupatempo São Bernardo do Campo. Desta forma, o programa consegue atender algumas carências da cidade localizadas no sul, leste e extremos de São Paulo, onde nota-se índices de precariedade social maior do que em outros lugares.

Em sinal de deboche, um senhor exclama na entrada do Poupatempo de Itaquera: 

- Poupatempo que a senhora procura? Isso não tem não. O que tem ali é Papatempo! Só serve para roubar o tempo da gente.

Levantou-se o lápis. Linhas foram traçadas pelo papel e criou-se formas. Letras. Palavras. Um ouve e escreve, enquanto o outro desabafa, contando histórias de vida.

 

Para quem manuseia a ferramenta da escrita, exige certa concentração. Tudo há de estar ali. É saber transcrever o que se diz, escolher as palavras certas e reconhecer a história do próximo. Quem é dono da história, solta verbos sem compreendê-los e se vangloriam de suas histórias.

 

Divididos por uma mesa no balcão de atendimento, os olhos curiosos percorrem até o outro lado da mesa, no intuito de acompanhar os rabiscos, como quem verifica se a história está sendo realmente contada. Alguns até se inclinam ligeiramente para frente, na tentativa de buscar as letras que mal conhecem. O canto da boca levanta algumas vezes como sinal de alegria ao imaginar que ali está sendo escrito o que disseram.

 

O escritor, por sua vez, quer alcançá-lo através dos olhos. É o contato rápido e profundo para captar as primeiras sensações do autor da história. Os trejeitos e linguagem corporal são as primeiras impressões das histórias que estão por vir. Então, afinam os ouvidos e se dispõe com a caneta na mão.

 

"Quero escrever uma carta", afirma o cidadão.

 

Ao redor, senhas eletrônicas tocam, murmurinhos da multidão se destacam e o corre-corre das pessoas se torna cada vez mais intenso. É gente saracoteando as pernas para lá e para cá. São tantas pessoas que já não se reconhece mais os rostos. Este é o dia a dia do Poupatempo e é neste lugar que se encontra o programa "Escreve Cartas".

 

O Poupatempo é um órgão que presta serviços de utilidade pública a sociedade paulistana e que tem como objetivo facilitar o acesso da população a serviços de alta demanda. Entre os diversos setores do Poupatempo, o Escreve Cartas se coloca à disposição do cidadão para qualquer situação, mas principalmente para aqueles que não sabem ler e escrever.

Mesmo em uma cidade tão desenvolvida como São Paulo, a demanda de pessoas com esse perfil é tão alta, que se viu a necessidade de construir algo que atendesse este público. Aproximadamente um milhão de pessoas são analfabetas dentre as 12 milhões que habitam na cidade, segundo os dados da Fundação Seade - Sistema Estadual de Análise de Dados.

A taxa de analfabetismo no Brasil é equivalente a 7,2% da população, representando mais de 10 milhões de brasileiros, segundo os dados do PNAD  de 2016. 

 

Diante deste cenário, o projeto Escreve Cartas propõe alternativas para os analfabetos da cidade de São Paulo a encontrarem novas soluções de vida a partir dos serviços gratuitos que oferecem. Cartas, currículos e formulários são atividades do programa, mas geralmente atendem outras necessidades do público, como a simples função de dar ouvidos. Uns procuram o programa na tentativa de contatar algum parente distante através das cartas. Outros aparecem ansiosos para buscar ajuda na hora de preencher uma das centenas de formulários que existem no Poupatempo. Alguns só querem conversar. Ser escutados. Na maioria das vezes, é só isso.

 

Sendo estes os principais atendimentos do Escreve Cartas, os cidadãos têm acesso a muito mais do que os serviços práticos, mas também a um suporte social. “O nosso maior trabalho aqui no posto é promover a cidadania, e quando a gente faz uma carta, faz um currículo, ou mostra pra pessoa como preenche o formulário, ela também tem o conhecimento de que ela tem esses direitos. Essa é a nossa missão aqui dentro”, afirmou Maria Cristina de Paula, assistente de atendimento administrativo do Poupatempo de São Bernardo do Campo.

 

Inspirado oficialmente no filme “Central do Brasil” (1998) de Walter Salles, o programa Escreve Cartas nasceu pelas mãos do Governo do Estado de São Paulo em 2001 – na época representado pela figura de Geraldo Alckmin. O Poupatempo recebeu o projeto dois anos após o lançamento do longa metragem nacional por se identificar com a história da trama. No filme, a personagem chamada Dora, interpretada por Fernanda Montenegro, é professora aposentada e escreve cartas para o povo na estação central ferroviária de Niterói, no Rio de Janeiro. Até que uma destas cartas a leva a ajudar um menino a encontrar o pai, depois da morte de sua mãe.

A partir do sucesso do filme, que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1999, o projeto veio com a ideia de auxiliar pessoas analfabetas e também de resgatar a carta como uma das mais importantes formas de se comunicar. Para isso, foi implementado esta ideia em um órgão público que atendesse diversos serviços de grande porte, como faz o Poupatempo.

 

 

Além disso, Maria Cristina também aponta que estes foram os postos selecionados, porque são parte do PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) que representa a parte de execução e implementação de projetos dentro do Poupatempo.

 

De acordo com o decreto n. 42.886, de 26 de fevereiro de 1998 sobre a implantação, a operacionalização e a administração do Poupatempo, o artigo 1° apresenta que “A Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo - PRODESP, na qualidade de executora do Projeto ‘POUPATEMPO - Centrais de Atendimento ao Cidadão’, fica incumbida da implantação, instalação, operação e adequado funcionamento dos Postos de Serviços respectivos, podendo ainda exercer sua administração e gestão dos recursos necessários ao atingimento das finalidades do Projeto”.

 

O Poupatempo de Osasco e de Guarulhos também tiveram a oportunidade de trabalhar com o programa Escreve Cartas nos postos, no entanto, a demanda não cooperou para que o projeto persistisse. Zulene Aguirre, assistente de atendimento da parte administrativa do Poupatempo de Itaquera, comentou a respeito explicando que tais mudanças podem estar ligadas a uma questão organizacional dos postos. Como por exemplo, o Poupatempo de Guarulhos mudou para uma localização menor e modificou a estrutura dos guichês no novo local - que agora se encontra no Internacional Shopping.

 

Segundo informações da Assessoria de Comunicação do Poupatempo, os serviços ainda estão à disposição nestas unidades, mas são realizados por funcionários do próprio órgão público como forma de auxílio ao cidadão, e não por voluntários, como é feito normalmente.

Trailer do filme Central do Brasil

Histórias no papel

O serviço das cartas - Histórias no papel

São Paulo, 12 de Abril de 2018

Quinta-feira

Apesar de o programa estar ligado a outros serviços além da carta, as histórias rabiscadas no papel são as mais intrigantes. “Eu escrevo para contar tudo o que está acontecendo aqui fora para eles”, disse Dalva, uma senhora de 53 anos. Dalva Medeiros tem um sobrinho e um primo na cadeia. Constantemente vai ao "Escreve Cartas" para poder organizar os pensamentos e contar o dia  a dia da melhor forma possível para enviar a eles. “Gosto de vir aqui escrever. Ás vezes faço algumas anotações para não esquecer de nada”, mostra o caderno e as letras garranchadas, olhando pelos óculos baixos apoiados na ponta do nariz. Dalva não é analfabeta, mas tem a “visão fraca”, como ela diria. E por mais que não seja ela propriamente que escreve a carta, ela sente como se fosse.

Até as crianças, que se interessam mais pelas tecnologias hoje em dia, se aventuram no “Escreve Cartas”. Pelo menos nos finais de ano, os pedidos de cartinhas para o Papai Noel são habituais. Dina Fernandes, coordenadora do Escreve Cartas de São Bernardo do Campo, preparou papéis especiais para esta época do ano. Colocou Papai Noel nas folhas para as cartas e até enfeitou o guichê para atrair e entreter o público.

 

Os correios ficam abarrotados de cartas direcionadas ao Pólo Norte. Ruth Belânio, uma das voluntárias do Escreve Cartas em Itaquera, explica que esta é a época em que há mais movimentos de cartas no ano. “É legal, porque a gente escreve e depois o Correio separa estas cartinhas para o Pólo Norte e outros destinos inexistentes em pastas para que as pessoas possam ir lá e respondê-las", conta esperançosa.

 

Alguns casos são mais difíceis, como Ruth já presenciou: “Teve uma vez em que a mãe veio acompanhar o filho e dava pra ver que ela estava triste. Ofereci a ela para que escrevesse uma carta também e perguntei o que ela queria de Natal. O desejo dela era ter o que comer. Quando começou a chorar, peguei um papel e uma caneta e escrevi uma carta delicada". Ainda conta que a mãe se acalmou e percebeu que havia ajudado de certa forma. Mesmo que Ruth não pudesse dar um peru de Natal àquela mãe, ela a presenteou com um pouquinho de esperança.

 

Assim como fazem pedidos de brinquedos e eletrônicos, há também aqueles que sensibilizam para esta questão social. Neste sentido, os voluntários são orientados a auxiliar o cidadão para que procure ajuda através de programas específicos da Prefeitura ou outros projetos sociais, já que eles não têm autorização para intervir pessoalmente em tais situações.

 

Ruth trabalha há mais de 10 anos como voluntária no Escreve Cartas do Poupatempo de Itaquera. Ela acompanhou as evoluções do programa, idas e vindas de outros voluntários e muitas histórias dos cidadãos. Mas Ruth tem algo ainda mais especial, porque é uma figura que representa professoras aposentadas que ainda exercem a profissão, só que de outra maneira. Depois de ter sido professora estadual e até mesmo diretora de colégios públicos, Ruth vem todas às quintas-feiras para o Poupatempo dedicar duas horas de seu dia para os outros.

 

"Eu gosto do que faço. Venho aqui porque eu acho importante fazer essas ações”, conta a professora. Dentre as voluntárias que encontrei que tinham a mesma profissão que Ruth, ela foi a que se destacou, pois possui naturalidade ao ensinar. Por isso, hoje, além de voluntária no Escreve Cartas, ela é "ledora".

 

Esta é a função atribuída para aqueles que lêem e neste caso, Ruth lê para deficientes visuais no programa Voz Amiga, que é outro trabalho realizado dentro do Escreve Cartas. Este programa nasceu por meio de um dos frequentadores do projeto, carinhosamente chamado de Seu Petrucio.

 

Trouxeram-me histórias deste senhor engajado e misterioso com as cartas. Fiquei intrigada para conhecê-lo. Em uma manhã de quinta-feira, no Poupatempo de Itaquera, o sol batia levemente nos enormes vitrôs dos corredores e iluminava a quem possa ver. Iluminou ele e então descobri que aquele era o homem. Seu Petrucio não enxerga, mas vê luz naquele lugar. Não esconde a verdade que está estampada em seu rosto e isto é o que atrai. Seu Petrucio é cego e apresenta beleza única. Não é só pelo fato de ter percepções diferentes, mas pelo caráter humano que possui.

 

Figura interessante! Aos 73 anos é criador e frequentador assíduo do programa Voz Amiga. Conhece todos da região e não deixa de falar sobre a cegueira com qualquer pessoa que o encontra. Seu Petrucio é comunicativo e gosta de conversar sobre assuntos construtivos. Sentado em um dos bancos de madeira do Poupatempo, Seu Petrucio estica um livro nas pernas e mostra como é a leitura para o cego a partir do braille. É gentil com as palavras, até ao tocá-las. "Não se acanhe, pode ver”, oferece o livro e ainda brinca com as palavras.

 

A educação do braile fez o Seu Petrucio enxergar com os dedos e o Escreve Cartas o ajudou a se comunicar. Através do projeto do Poupatempo, ele envia correspondências para o mundo todo. “Eu quero escrever pra que as pessoas saibam como é que o cego vive. Nós não somos coitadinhos, mas precisamos de atenção”, explica. Seu Petrucio conta que envia cartas para revistas, jornais e até para o exterior, principalmente para Portugal.

 

“Quando eu venho aqui eu me sinto bem demais, porque eu sei que não é dever dessas meninas fazerem este trabalho, mas elas se colocam à disposição para nós e isso é muito bonito”, elogia Seu Petrucio.

 

Ruth e Seu Petrucio fazem este trabalho há dois anos todas às quintas-feiras, em que há esta troca mútua de conhecimentos na leitura de livros. Enquanto a professora lê, nota-se a concentração de Seu Petrucio na sala - que por sinal é a sala 4 do Tribunal de Justiça do Poupatempo. Eles começam conversando e retomando de onde pararam a leitura do último encontro. Estavam lendo naquele dia o romance espirita “Reconciliação”, mas como Seu Petrucio gosta de ler tudo, ele traz alguns panfletos e recados também.

 -Esta moça é meus olhos. Literalmente! E um dia vamos fazer um livro sobre isso, não é Ruth?

 - É, Seu Petrucio. Já temos até nome, viu? “Dar olhos a quem não vê”.

 

É a dádiva de ler com as mãos! As sensações inversas proporcionaram outras perspectivas naquele momento. Seu Petrucio brinca dizendo que fecha os olhos para ouvir a leitura com mais atenção e enxergar além da imaginação. “É um exercício isso daqui pra mim. Sou muito grato a todos por este projeto. Não fui só eu que ajudei, foi todo mundo daqui do Poupatempo”, afirma convicto.

 

O Programa Voz Amiga recebeu o Prêmio Mario Covas em 2010 na categoria “Inovação em Gestão Pública”. A cerimônia foi realizada na Sala São Paulo em que o então governador, Geraldo Alckmin, entregou a placa e fez a menção honrosa ao projeto desenvolvido no Poupatempo. Seu Petrucio foi um dos homenageados da noite, por ter implementado a ideia no local.

Eu uso o serviço porque eu tenho problema de vista e eu tenho muita dificuldade de escrever. Mas eu gosto muito de escrever e mandar carta. Sai um pouquinho do mundo da internet né?”

Dalva Medeiros, costureira aposentada

Ruth e Seu Petrucio trabalham juntos há dois anos no Programa Voz Amiga

Homenagem - Programa Voz Amiga

Seu Petrucio recebendo a Menção Honrosa do Governador Geraldo Alckmin sobre a iniciativa da criação do Programa Voz Amiga

Currículos

A necessidade dos currículos

São Paulo, 23 de janeiro de 2018

Terça-feira

Por vezes, o papel chega a ficar encostado na mesa do guichê, enquanto os computadores trabalham arduamente na produção de currículos para o Escreve Cartas. Mas quando chega a vez das cartas, o coração bate mais forte. “Faz quase um ano que estou aqui e eu só escrevi uma carta até agora, acredita?”, indaga Daniel Moutinho, um dos voluntários mais jovens do Escreve Cartas de São Bernardo do Campo. No entanto, a coordenadora Dina rebate: “Muita gente vem aqui para se voluntariar nessa expectativa: de que vai escrever cartas e mais cartas. Mas não é assim. Claro que tem carta, mas a demanda de currículos é muito maior, por exemplo”, explica Dina Fernandes, coordenadora do Escreve Cartas de São Bernardo do Campo.

 

Ao longo dos anos, o projeto percebeu que a carta não era uma procura tão forte dentro do Poupatempo e que era preciso pensar em alternativas para atrair o público e servi-los de outra forma - de uma maneira que realmente atendesse as necessidades da população. A partir daí, o programa inclui nas atividades a realização de currículos e o preenchimento de formulários referentes ao Poupatempo.

O perfil do cidadão que procura pelo programa vai além dos analfabetos. Existe uma série de categorias que definem este padrão e que demonstram o nível de escolaridade das pessoas. Por exemplo, o analfabetismo funcional é aquele que consegue ler e escrever pequenos trechos e palavras mais simples, mas que não compreende o significado e contexto delas em um texto. Há também aqueles que não reconhecem as letras e que são denominados como iletrismo. E ainda existe o analfabetismo tecnológico em que representam pessoas que não possui as informações necessárias para manusear computadores, celulares e ferramentas tecnológicas.

 

Além disso, há o fator migratório que também caracteriza bem o perfil dos frequentadores do Escreve Cartas. Visto que a população de São Paulo é composta por uma pluralidade de pessoas, é comum encontrar cidadãos de diversos estados e regiões.

 – Aqui é um encontro de gente de tudo quanto é lugar né?

 – Você é daqui de São Paulo?

 – Não! Vim de Belém, do Pará.

Pai e filho estão sentados lado a lado num daqueles bancos gelados de espera no Poupatempo de Santo Amaro. O pai puxa conversa como se já conhecesse antes. Estava esperançoso; o filho nem tanto.​

– Aqui é o lugar onde faz currículo né?!, pergunta o senhor negro, alto e magricelo.

 – Faz sim! É aqui mesmo.

 – E tem gente escrevendo carta é? - admira ao ver Dalva no balcão com a voluntária escrevendo - Nossa… Quanto tempo que eu não vejo isso! Hoje não tem mais disso não.

De um jeito desengonçado, ia se acomodando como podia nos tacos de madeira. Quase que não se nota a presença do filho. Chegou quieto, acanhado e se escondia atrás da sombra do pai. Fisicamente se parecia com o homem, mas as personalidades eram totalmente diferentes, principalmente ao falar. Os lábios emudeciam as palavras que tentavam sair de sua boca, e quase sempre, era preciso repetir o que queria falar. Os olhos miúdos e baixos do menino não demonstravam motivação alguma. Enquanto os de seu pai eram vivos até demais e nesse meio tempo, o pai não parava de falar.

Na minha época enviava muita carta. Mas muita carta mesmo. Já cheguei a enviar até dinheiro! E olha que era uma época perigosa… O dinheiro podia não chegar ou a carta se desviar do caminho, né? Mas chegou!

E a linha da pipa se soltou.

Eu tenho um outro filho no Pará e precisava mandar um dinheirinho pra ele. Aí aproveitei que ia mandar umas roupas e coloquei tudo ali no meio. Nos bolsos das calças, embrulhado nas camisas… Tudo numa caixa. Mas nada muito grande também. Foi assim que consegui. Tinha que esconder né?

A figura era engraçada! Falou sobre os filhos, ex-esposa, gastronomia, o Bom Prato de Santo Amaro, os baianos da cidade - que inclusive declarou não se achegar muito por conta de uma situação com um vizinho - e desenrolou histórias e mais histórias enquanto aguardava sua vez no guichê.

 

Estavam ali por causa do filho. Vieram buscar os resultados do ENEM em outro setor do Poupatempo e aproveitaram para fazer um currículo no Escreve Cartas. “Agora que terminou a escola, quer fazer Educação Física na UNISA. Eu não gostei muito da ideia, não, mas já que ele quer…”, balançou a cabeça em negação com os ombros erguidos. “Só que tem que trabalhar né? Pra gente poder pagar a faculdade”, complementa ansioso. Ele ainda conta que estavam na expectativa de conseguir alguma bolsa ou auxílio pelo FIES ou PROUNI com as notas do ENEM.

 

A euforia do homem demonstrava uma vontade que o menino não apresentava. Era como se o pai quisesse mais o emprego que o menino - e não deixava de ser verdade. Um dos tópicos da conversa foi sobre o desemprego. “Trabalho para sustentar o moleque, mas não sobra muito para o luxo”, disse ele fazendo piada.

 

O desemprego assolou o país em 2016 com a crise política e econômica que estourou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Dados divulgados pelo site da ISTOÉ indicam que o desemprego chegou a níveis recordes (13,7%) e afeta 14,2 milhões de brasileiros.

 

Foi um fenômeno social que gerou consequências para todas as classes sociais em diversas faixas etárias. Hoje vê-se o reflexo neste pai e filho que tentam encontrar alternativas para se sustentar e construir uma vida. Diante disso, o Escreve Cartas propõe corresponder às necessidades do público para atender esta demanda de maneira rápida e simplória. O caso dos currículos servem de exemplo para isto, pois o programa já possui um modelo próprio e atualizado que facilita na hora do atendimento.

Para este serviço, o Escreve Cartas pede as informações básicas de ensino e outras experiências profissionais no mercado. Com o documento em mãos e até a carteira de trabalho, o currículo é feito em instantes. Manoel Dias, voluntário do Escreve Cartas de Santo Amaro explica que, para alguns, a maior dificuldade deles é desenvolver a ideia que eles tem na cabeça. Ele exemplifica:

 

 

 

 

 

 

 

 


 

O cidadão sai com 3 cópias impressas do currículo e os voluntários auxiliam que é preciso tirar xerox destas versões para que eles possam sempre ter mais à disposição. “Tem uns que às vezes não tem condição de tirar xerox e vem aqui mais de duas, três vezes num mesmo dia para fazer o currículo e ganhar mais três cópias”, explicita Martha Siqueira, coordenadora do Escreve Cartas de Santo Amaro. A coordenadora da unidade de São Bernardo do Campo também conta que o mesmo ocorre no Escreve Cartas de lá. Ela os chama carinhosamente de “fãs de carteirinha”.

Quando você faz um currículo, precisa contar um pouquinho da história, da experiência. E aí a gente pergunta assim: 

 - Que cargo que você que que coloque aqui?

 - Auxiliar de limpeza.

 - E quais são as suas principais atividades?

 - Pode colocar auxiliar de limpeza também.

Não é assim. É preciso elaborar um pouco mais e aí a gente tem que ir puxando as informações deles, perguntando o que fazia antes e assim a gente consegue fazer um currículo bonitinho para que eles realmente tenham a chance de conseguir um emprego.”

Formulários

Formulários burocráticos

São Paulo, 7 de fevereiro de 2018

Quarta-feira

O preenchimento de formulários também é muito recorrente no programa Escreve Cartas. É uma das atividades que mais contribui para o relacionamento do setor com o restante do Poupatempo, pois este tipo de serviço só é realizado referente aos papéis de outros guichês do órgão, como por exemplo, o CDHU, posto da Sabesp, alguns formulários do INSS, entre outros. É claro que se perguntarem algo relacionado a um documento que eles não atendem, os voluntários vão tentar atender e instruir da melhor maneira possível.

 

Pedro Soares, taxista de São Bernardo do Campo, vem sempre no Escreve Cartas para preencher os dados de renovação de alvará. Ele conta que tem mais confiança no pessoal do programa para preencher essas papeladas burocráticas do que a si próprio. “Deixo sempre tudo em ordem e arrumadinho no meu trabalho, e venho aqui porque sei que vão fazer direitinho também”, revela. Pedro acompanha tudo sempre de perto quando está no guichê. Ainda coloca os óculos para conferir se realmente está tudo certo.

 

Depois de preencher, a voluntária mostra o que foi feito e instrui para os próximos passos em que o cidadão deve fazer sozinho. Por isso, a didática e paciência que os voluntários precisam ter é muito importante para o sucesso do programa. Pedro afirma sempre estar contente com o resultado. Mesmo sendo um pouco tímido, ergueu o peito para elogiar o pessoal do Poupatempo: “Sou muito grato a todos eles”. Com singela alegria, se despede em mil agradecimentos.

 

Em Itaquera, um senhor a beira dos 80 anos de idade encosta de repente no balcão do Escreve Cartas para pedir ajuda para preencher um formulário da Sabesp. Ele havia esquecido os óculos e estava inconformado com a situação. “Justo hoje que preciso, os óculos não me servem. Ainda bem que as meninas estão aqui”, afirma se acomodando na cadeira e  respirando aliviado.

 

Já Neide da Silva estava desesperada. Já tinha rodado o Poupatempo de Santo Amaro inteirinho e ninguém conseguia resolver o problema dela. Precisava preencher um formulário referente a uma documentação do marido. Neide carregava uma bolsa pesada e umas três pastas no outro braço, e já andava encurvadinha por conta da idade.

 

[Áudio Neide e Manoel]

Quando Manoel se refere ao Brasil, ele aponta sobre os problemas sociais e educacionais do país e percebe isso pela forma como as pessoas chegam ao Escreve Cartas. Neide estava desorientada, mas não pelo fato de não saber ler e escrever, e sim, por conta da burocracia que enfrentava naquele dia. Inclusive, Manoel estava preocupado com ela enquanto fazia o atendimento. Estava sempre de olho, investigando para saber se estava aguardando como havia orientado. Daqui a pouco, Neide surge novamente ainda angustiada:

Assim como o senhorzinho de Itaquera, Manoel havia esquecido os óculos. Por mais que estejam distantes, as realidades são semelhantes e isto comprova também que inclusive os voluntários possuem dias difíceis - e que mesmo assim têm a humildade de colocar o outro em primeira lugar.

Neide da Silva - Poupatempo Santo Amaro
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Neide da Silva - Poupatempo Santo Amaro
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Dados e estatísticas

Dados de serviços prestados

São Paulo, 18 de abril de 2018

Quarta-feira

Missão do Poupatempo: “Estabelecer um novo modelo de atendimento ao cidadão, que ofereça serviços públicos com eficiência, qualidade, rapidez e sem privilégios”

Toda essa movimentação dos serviços é controlada pelos voluntários que contabilizam diariamente a quantidade de cartas, currículos, formulários e outros atendimentos realizados pelo programa. A partir daí, a coordenadora de cada Escreve Cartas reporta a alguém do setor administrativo do Poupatempo e assim é realizado um controle mensal e gerado uma série de estatísticas de desenvolvimento dos atendimentos para a ciência do próprio órgão público.

 

Dentre estes atendimentos, a carta não se destaca tanto nas unidades. O que sai em disparada são os currículos.

Tais informações refletem também as necessidades do público diante dos serviços prestados e isto contribui para o desenvolvimento tanto do programa como do Poupatempo. Zulene Aguirre, assistente de atendimento administrativo do Poupatempo de Itaquera, ressalta que o compromisso do trabalho deles e dos voluntários do Escreve Cartas é servir a população. “O volume dos atendimentos representa a dedicação e vontade com que trabalham. E os voluntários daqui são assim!”, conta. Ela ainda reforça que a idealização do programa só agrega a missão que o Poupatempo tem em ajudar o próximo.

 

 

 

 

 

 

 

Voluntariado

O ato de se doar ao outro

São Paulo, 8 de março de 2018

Quinta-feira

Conheci uma das mulheres mais incríveis e cheias de vida, por coincidência no Dia Internacional da Mulher. Olivia Matos recebe a todos com sorriso e um brilho intrigante no olhar. Não é comum seres humanos serem tão simpáticos assim às 7h30 da manhã. Mas ela é assim. Não há nada forçado em Olivia.

 

Olivia Maria de Matos é uma senhora alta, robusta, com pele morena e cabelos brancos enrolados. Possui olhos de jabuticaba que vestem um sorriso doce e que brilham assim como as pérolas de seu colar. O vestido floral representa a alegria e leveza que carrega em sua personalidade. Por essas e outras características, Olivia se encaixa no perfil de voluntárias do programa.

 

Para ela, o voluntariado surgiu após se aposentar da profissão de enfermeira. Ela sempre teve vontade de exercer este tipo de trabalho e o Escreve Cartas foi o primeiro sortudo a recebê-la. É atenciosa e dá pra ver que ela gosta do que faz. Olivia ainda faz questão de dizer: “Estar aqui é o maior prazer! Quando a gente é voluntária, a gente não está aqui por obrigação. Estamos aqui porque queremos estar”.

 

Assim como as outras voluntárias das diferentes unidades do Escreve Cartas, Olivia se encontrou no voluntariado. Sendo uma das coordenadoras do Escreve Cartas em Itaquera, Olivia sabe instruir os outros voluntários a seguir as regras e normas do órgão público, além de demonstrar paciência e respeito na hora de atender o cidadão.

 

“A turminha das quintas-feiras são as melhores”, afirma a recém-chegada ao Escreve Cartas de Itaquera, Edna Oliveira. A maioria deste grupo são mulheres. As manhãs de quinta-feira são recheadas de conversa fiada e sorrisos. Mas levam muito a sério o trabalho no Escreve Cartas e valorizam aquele espaço.

 

Entre essas conversas, Olivia sempre traz um ensinamento. Já ouvi falar sobre amores, paixões, família - que é muito ligada - , o voluntariado e não há quem não se entregue às verdades de Olivia.

 

Hoje, além do programa no Poupatempo, Olivia é voluntária no Hospital Santa Marcelina na zona leste e afirma que está sendo a melhor época da vida dela. “Eu tenho vontade de fazer mais ainda, se você quer saber. Já estou com alguns planejamentos por aí”, pisca gentilmente como se houvesse contado um segredo.

 

 

 

 

 

 

 

É muito comum encontrar pessoas que depois de aposentadas, procuram alguma atividade para exercer. 6,5% dos aposentados ainda se mantêm ativos no mercado de trabalho, segundo os dados do segundo trimestre de 2016 do Pnad (Pesquisa Nacional de Análise a Domicílio). Em compensação, o rendimento dos jovens no mercado de trabalho (entre faixas etárias de 14 a 21 anos) caiu de 20,1% para 17,8%.

 

Os jovens são uma faixa etária a ser explorada ainda dentro do Escreve Cartas. Dina Fernandes já começou a chamar pessoas mais novas para se engajar no voluntariado em São Bernardo do Campo. “Deveria ter um incentivo maior aqui no Brasil. Muitos falam que é bom pro currículo ter algum trabalho social deste tipo, mas eu acho que deveriam mostrar isso desde as escolas e universidades também né?”, afirma Dina Fernandes, coordenadora do Escreve Cartas em São Bernardo do Campo.

Para os voluntários, este trabalho é algo além de uma questão social e humana, porque desenvolve visões, caráter e compreensão de vida sobre outras realidades. E que para a implementação disto na sociedade, necessita de uma modificação no sistema educacional do país.

Para o Daniel Moutinho, um dos voluntários mais jovens do Escreve Cartas de São Bernardo do Campo, este trabalho é mais que ajudar o próximo, porque é saber se reconhecer como ser humano também. Por mais que seja uma figura introvertida, Daniel se apresenta sempre bem disposto e cauteloso. Parece pensar 50 vezes antes de realizar um procedimento, mas isso não o faz ser lerdo. Não tem vergonha de perguntar algo para Dina, que é a pessoa que orienta e divide a mesa com ele no guichê.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trinta e três anos e já tem vida ativa nesse universo do voluntariado. Na verdade, Daniel sempre se importou com a causa social e decidiu se engajar durante dois anos na Prefeitura de Itanhaém como assistente social. Quando se viu envolvido até demais com as situações precárias que encontrava, pensou em cuidar um pouco de si próprio também para não se perder em meio ao caos. Mas o fez sem perder a motivação em continuar ajudando o próximo.

 

Quando veio para o programa, Daniel diz que aprendeu algo importante para a carreira dele, que é a diferença entre caridade e serviço. “Significou muito pra mim ter essa oportunidade aqui porque percebi a diferença de como é poder ajudar o próximo sem mergulhar inteiramente na realidade da pessoa e poder mudar o dia de uma pessoa só por preencher um documento”, diz.

 

Enquanto compartilhava suas experiências, pausou lentamente e disse: “Um dos momentos marcantes que eu vivi aqui foi quando eu encontrei uma pessoa que eu ajudava quando era assistente social”, conta olhando longe como se estivesse imaginando a cena diante de seus olhos naquele momento. “Vi que ela estava bem. Ainda precisando de ajuda, mas já estava melhor que antes”. E se alegrou.

 

Daniel acredita na ideia de que ajudar o próximo é tão benéfico para o outro como para si próprio. No momento em que precisou, ganhou o Escreve Cartas que demonstra pra ele semanalmente que os problemas dele não são nada se comparados ao dos outros.

 

Estudos apontam que o ato de se voluntariar provoca estes tipos de reações e que faz bem tanto para a mente como para o corpo. O voluntariado pode ajudar no combate à depressão, por exemplo, já que o envolvimento com outras pessoas elimina um dos fatores de riscos principais do quadro depressivo, que é o isolamento social. Este tipo de comportamento costuma ser comum em pessoas que acabaram de se aposentar e por isso é importante buscar novas atividades para exercer.

Alguns dados do IBOPE de 2014 também mostram que um quarto dos brasileiros pratica ou já praticou ao longo da vida o voluntariado. Dentre eles, 87% sentem-se totalmente satisfeitos com o tipo de trabalho que fazem para ajudar os outros. No Brasil, 12% das pessoas que são voluntárias já passaram dos 60 anos e é entre as mulheres mais velhas que está o maior índice de satisfação com o trabalho. Maria Angélica Castro é voluntária a dois meses no Escreve Cartas de São Bernardo do Campo e já se sente diferente. Antes trabalhava como funcionária pública e vivia estressada. Depois que entrou para projeto, sentiu-se mais alegre e disposta:

 

“Há tempo para tudo na vida, sabe? E agora chegou a minha hora de fazer algo por alguém”

 

Olivia Matos, coordenadora do Escreve Cartas do Poupatempo de Itaquera.

Voluntário é o jovem ou adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outro campos…”

ONU - Organização Nações Unidas

This is a great place to tell your story and give people more insight into who you are, what you do, and why it’s all about you.

Maria Angélica - Poupatempo SBC
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Processo seletivo

O voluntariado no Escreve Cartas é constantemente renovado. O processo seletivo é realizado conforme a demanda de cada unidade, mas a prova possui o mesmo formato para todos. Quem deseja se voluntariar tem que se inscrever nos guichês do Escreve Cartas, apresentando nome completo e número de telefone para contato.

São Paulo, 04 de abril de 2018

Quarta-feira

Oportunidades

O namorador

São Paulo, 8 de março de 2018

Quinta-feira

Em São Bernardo do Campo há um rapaz chamado Agnaldo Alcântara. Sentado no guichê do Escreve Cartas, ele é atendido por Dina, a coordenadora do programa. Agnaldo é um dos “fãs de carteirinha” que Dina nomeia carinhosamente. Vem sempre por conta do serviço das cartas. O objetivo dele é encontrar uma namorada.

 

Agnaldo não é analfabeto. É portador de marcapasso e possui certa deficiência física, mas consegue escrever. Vive saudavelmente engajado com as coisas. “Eu gosto de sair, gosto de fazer minhas coisas… Tenho até canal no Youtube sabia?”, conta empolgado.

 

Com a ajuda dos voluntários, Agnaldo consegue enviar cartas para programas de TV em que tenha quadros de namoro. “Aqui eles me ajudam muito, eles tem todas as informações né? E facilita o meu lado”, explica. Existe uma pasta com os endereços dos programas de TV, como Ratinho, Rodrigo Faro, Luciano Hulk, entre outros. Esta iniciativa ajuda as pessoas a enviar as cartas para o lugar certo e ter uma chance, quem sabe, de participar de um quadro e ter a carta respondida.

 

Desta vez, Agnaldo mandava uma carta para Eliana para participar do quadro “Namoro na TV” e sentia-se encorajado, com muita fé de que Deus iria lhe dar uma pessoa com quem compartilhar a vida. Ele conta das dificuldades que passou e relembra momentos importantes da vida. Sempre dando graças ao cara lá de cima e demonstrando amor a tudo que pensa, inclusive ao Escreve Cartas.

 

“Eu venho aqui no Escreve Cartas e sou muito grato por todas as meninas que me atendem”, declara-se o homem de 49 anos. Agnaldo é muito bom em se expressar. Mesmo com a fala rápida e atropelando algumas ideias, ele não esconde nada e deixa tudo bem claro. Não tem papas na língua. Faz questão de contar tudo e pede que na carta esteja a história inteira.

 

Bernardina foi quem escreveu a carta. Todos a chamam de Dina. Ela é uma das mulheres responsáveis por fazer o Escreve Cartas funcionar em São Bernardo do Campo. É voluntária desde que o programa existe no posto - aproximadamente 10 anos. Como coordenadora do projeto, ela se torna multifuncional. Dina parece se desdobrar em mil, se for preciso, para atender a todos. Enquanto atende um, já está de olho no próximo.

 

“Antes vinha cumprir minhas duas horas por semana e ia embora satisfeita. Agora como coordenadora, se eu não passar aqui todos os dias pra ver como está, eu não fico feliz”, diz militantemente. É defensora da ninhada. É como águia que vigia de longe os filhotes. Tem a visão ampla e não se contenta com o básico. Quer sempre o melhor para o crescimento do projeto dentro e fora do Poupatempo.

Todas as voluntárias do Escreve Cartas servem fielmente ao programa e aos cidadãos. 

Agnaldo Alcântara - Poupatempo SBC
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Tudo o que eu peço é me dar uma oportunidade de eu ser alguém melhor, do lado de alguém que possa ser melhor pra mim também. Que eu possa me expressar, que possa ser uma amiga, uma companheira para o que der e vier”

Agnaldo Alcântara

Escreve Cartas

Educação, Escreve Cartas e analfabetismo

São Paulo, 28 de abril de 2018

Sábado

O Dia da Educação é comemorado anualmente nesta data, que serve para incentivar e conscientizar a população sobre a importância da educação, seja escolar, social ou familiar, para a construção de valores essenciais na vida em sociedade e do convívio saudável com outros indivíduos.

O Poupatempo é recheado de histórias que ninguém vê. Tudo se camufla na neblina do entra e sai de pessoas. Existem balcões de informação, filas gigantescas, inúmeros setores e milhares de funcionários – exatamente 13.277 colaboradores na conta - incluindo os voluntários.

 

Ninguém para em Poupatempo. Quando param, é para esperar a sua vez de ir ao guichê. O ato de parar e observar é pouco utilizado hoje em dia. Quando param, não estão preocupadas em dar atenção a coisa alguma se não a si próprio. Problemas e afazeres sempre estão no topo da lista. É uma rotina estranha a que levamos no século XXI, correndo às pressas para alcançar a loucura da internet e as demais tecnologias. Pouco se dá valor ao papel. Alguns até dizem que o jornal perdeu a credibilidade. Pouco se dá aos momentos inesperados do dia, como era a chegada de um jornal pelo correio pela manhã ou até mesmo de uma carta. Pouco se dá valor as cartas.

 

“Vem muita gente aqui de rádio, televisão para fazer entrevista, mas eles querem uma informação emocional, meio de novela… E não é bem assim. A nossa realidade é outra”, aponta Manoel Dias, voluntário do Escreve Cartas do Poupatempo de Santo Amaro.

Hoje, com o programa Escreve Cartas, esta percepção pode mudar a respeito das cartas e também em relação a educação das minorias, como os analfabetos. O Escreve Cartas valoriza o ser humano como cidadão. O Escreve Cartas corresponde aos requisitos da educação e serve de exemplo para a sociedade paulistana porque valoriza o ser humano como cidadão. É um programa que proporciona visibilidade ao ser.

 Galeria de Fotos

Endereços

Poupatempo Santo Amaro

Rua Amador Bueno, 176/258, Santo Amaro – São Paulo

Poupatempo Itaquera

Rua do Contorno, 60

Poupatempo São Bernardo

Rua Nicolau Filizola, 100 – Centro

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